segunda-feira, 4 de abril de 2011

FC Porto é o clube europeu com mais títulos no século XXI

Apagão na Luz vale (no mínimo) multa até 2500 euros

O Benfica incorre numa multa entre 250 e 2500 euros, no mínimo, pelo apagão na Luz no clássico de domingo. A decisão de deixar o estádio às escuras enquadra-se nas infracções leves do regulamento disciplinar, particularmente no artigo 101º, que fala «Da inobservância de outros deveres».

«Em todos os outros casos não expressamente previstos em que os clubes deixem de cumprir os deveres que lhes são impostos pelos regulamentos e demais legislação desportiva aplicável são punidos com a multa de € 250 (duzentos e cinquenta euros) a € 2.500 (dois mil e quinhentos euros)», diz o artigo.

Ora nesse sentido, e de acordo com José Manuel Meirim, o apagão na Luz enquadra-se neste artigo 101º. O especialista em direito desportivo fala em deveres de urbanidade e civismo que não foram cumpridos e cujo castigo por isso mesmo apenas o artigo em causa prevê no regulamento disciplinar.

Por isso, e no mínimo, o Benfica deverá pagar uma multa entre 250 e 2500 euros. No entanto, pode ser mais do que isso. Tudo depende da forma como a Comissão Disciplinar analisar o caso. Isto porque, recorde-se, as forças policiais já disseram que foi posta em causa segurança de pessoas e bens.

Tudo depende, portanto, do que escreveu o relatório do árbitro e da vontade da Comissão Disciplinar em analisar os relatórios policiais e as imagens televisivas. Para já, parece seguro pelo menos que o Benfica será multado. Não é certo, no entanto, que a decisão seja conhecida já esta terça-feira.

CAMPEÕES SEM LUZ: o grito de Hulk perpetuado na História

Hulk lançou o último grito, que marca a longa jornada do F.C. Porto, do relvado do Estádio da Luz, molhado e escuro, à varanda de um Estádio do Dragão dedicado às insónias. Às 4 da manhã, 4 de Abril de 2011, o Incrível puxou pelas gargantas de cinco mil resistentes: «Campeões sem luz!»

O megafone passou de mãos em mãos, num quarto-de-hora interminável. Lá no alto, jogadores alinhados, eufóricos, observando a multidão ofegante, ansiosa por aquele momento. A despedida encarnada, com focos apagados e rega activa, aumentou o sentimento de júbilo.

A Baixa do Porto desistiu primeiro, esvaziou-se de sentido com a Câmara teimosamente fechada e ecos de concentração no Dragão. O F.C. Porto partiu de Lisboa à meia-noite, véspera de dia de trabalho. Os resistentes, com atestados pensados e olheiras em perspectiva, rumaram à alameda que reúne todo o fluxo azul e branco.

A madrugada foi assim:

2h30. Duzentas almas, não mais, no centro da cidade. Copos pelo chão, vestígios de festa rija, corpos rendidos ao cansaço. Entre dois berros, a doce recordação. «O Benfica tentou o mesmo no ano passado. Falhou. Nós conseguimos!»

3h00. Cinco mil na Alameda do Dragão, ao som de músicas da moda e notícias de chegada em breve. A comitiva estava cada vez mais perto. Hulk, Falcao, Guarín, Villas-Boas, Pinto da Costa, vários nomes para repetir a filhos e neto, quando aqueles adeptos recordarem o dia em que o F.C. Porto foi campeão na Luz. Passar-se-ão outros 71 anos?

3h30. O autocarro está aí. Hulk na frente, ao lado de Reinaldo Teles. O 1-2 foi dele, castigo máximo para os três pontos, os últimos de um líder invicto. Roberto ajudara Guarín no primeiro. «Roberto, Roberto, Roberto», gritaram os dragões, parecendo evocar um dos seus.

4h00. F.C. Porto no seu trono, uma varanda com vista para a alegria da massa humana, campeões saudados individualmente, com cânticos personalizados, que os próprios já sabem de cor. Pinto da Costa ouve o seu nome. Acena. Ganhou a aposta. A aposta em Villas-Boas.

4h05. O jovem treinador aparece lá no meio, entre o seu grupo. A rouquidão é mais forte que nunca. Estreou-se a vencer, no seu clube do coração. Como Robson, como Mourinho, as referências do passado.

4h06. André Villas-Boas não resiste. A despedida do Benfica serve de álibi aos excessos. «Allez, Porto, allez, nós somos a tua voz, queremos essa vitória, conquista-a por nós». Ele conquistou. E provocou. «E quem não salta é lampião, allez, allez», atirou o treinador, de fugida, levando a multidão ao rubro.

4h10. É a vez de Hulk. Ele, que dedicara o golo a Sapunaru, os dois réus do túnel da Luz, na última visita. Primeiro, o grito da noite: «Campeões na Luz». Depois, a adaptação livre, a gargalhada em forma de cântico: «Ohhh, campeões sem luz, campeões sem luz, campeões sem luz...»

4h15. A festa foi curta. Quinta-feira já chama, a Liga Europa está aí. Para muitos dos indefectíveis, é baixa garantida, patrões irados pela ausência, um pecado admissível. Cristian Rodriguez fecha o cortejo, quando o grupo regressa ao interior do Dragão. Nos seus braços, um cartaz enorme, afiando o machado de guerra: «Assinei pelo F.C. Porto em cinco minutos».

A noite prolongou-se até ao anúncio do amanhecer. Na Invicta que não dormiu, ele será pesado mas saboroso. O F.C. Porto recuperou o ceptro nacional, foi buscá-lo à casa do histórico rival. Quem esteve lá, vai contar a história para o resto da vida.